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Garoto de 12 emociona BH com "funk consciente"
Publicação: 11/06/2011 07:00 Atualização: 11/06/2011 06:58

Menino de 12 anos, depois de bombar na internet com música dedicada à avó, conquista legião de fãs em Minas e as letras, que pregam boas ações, começam a ganhar o país






Sem usar um palavrão, citar orgias ou apologias ao crime ou a armas, um pequeno MC de Belo Horizonte dá um tapa de luvas em quem acha o funk o tom da baixaria. Apesar de sua receita ter sido testada por muitos, aos 12 anos, Iuri Zanoni Faria de Andrade, mais conhecido como Yuri BH, é quem mostra que, para conscientizar jovens para o bem, não é preciso ideias mirabolantes, basta a palavra certa, dita de igual para igual. Adorador de videogames, figurinhas e camas elásticas, o garoto cumpre essa missão. Por meio do funk, leva plateias, com crianças, adultos e idosos, ao delírio, com letras que ele mesmo define: “São conscientes”.

Sua batida chega às escolas públicas e até a unidades de recolhimento de menores infratores. Além de Minas, Yuri BH fez shows no Espírito Santo e Rio de Janeiro e, amanhã, embarca para São Paulo. Nessa sexta-feira, foi a vez de a Escola Municipal Carlos Góis, na Região Noroeste, receber seu som. Como ocorre em todos os lugares pelos quais passa, Yuri foi aplaudido pela criançada, que sabia de cor as letras das músicas. Dando autógrafos e tirando fotos, como se tudo não passasse de uma grande diversão, o menino ficou retido em uma sala por causa do assédio dos fãs. “O ruim é quando as meninas tentam dar beliscão nas minhas nádegas”, reclama, sem perder o bom humor. Mas, Yuri BH diz ser sempre humilde com quem o admira.

A ascensão começou há um ano e dois meses, quando o pai, Alex Gusmão de Andrade, escreveu uma música para que ele homenageasse a avó, Marlene Gusmão. Filho de pais separados, Yuri BH cresceu aos cuidados de Marlene e sempre a admirou muito A canção Minha vó, na qual expressa esse amor, sem nenhuma vergonha típica da idade, foi o estopim do sucesso. “Fizemos um vídeo dele cantando e postamos na internet. De repente, explodiu em todo o Brasil”, conta, orgulhoso, Alex, que se tornou produtor do garoto.

Acessos
A vida do pré-adolescente deu uma guinada. Ao trazer novos ares ao estilo do funk, calejado de temas que envolvem tiros e orgias, a rebeldia de Yuri se manifesta nas boas ações. Depois do vídeo na rede, ele gravou um CD e, entre as canções, estão as famosas O crime não presta e Mãe, parei de traficar, ambas escritas por Alex com ajuda de outros MCs. Na internet já são 800 vídeos, com 3 milhões de acessos. Ele já chegou a tocar para 30 mil pessoas em Sabará, na região metropolitana, e para 2 mil em casas noturnas de BH. “Já bateu recordes de público em locais fechados, como em uma casa de shows no Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste”, destaca Alex, acrescentando que, apesar de fazer apresentações pagas pelo menos duas vezes ao mês, que rendem entre R$ 25 mil a R$ 30mil, a maioria é beneficente.

Uma delas será em Ipatinga, no Vale do Aço, onde Yuri subirá ao palco para ajudar um garoto que precisa de uma cirurgia nos olhos. Nas unidades de recolhimento de menores, onde os interno fazem até rebelião para vê-lo, Yuri dá palestras e passa boas mensagens. “Converso com eles e digo o quanto estar no crime ou usar drogas não é legal. O mundo é muito injusto. Você trabalha duro para conseguir o que tem, vem um ladrão e rouba. Ou, então, trabalha muito e ainda deve ao governo. Há pessoas no crime porque não tiveram condições na vida.” Ele foi convidado para ser garoto-propaganda da campanha do Movimento Mineiro Pelas Pessoas Desaparecidas e Crianças Exploradas.
Fonte: Jornal Estado de Minas
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